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ENQUANTO PISCO
(Luiz Gabriel Lopes)
todas as coisas da vida passam num piscar
o que falar, se calar, aonde ir
todas as coisas da vida passam num piscar
o que querer, e por que, a quem querer
ouvir o arco das horas
tantas esperas que deus nos dará
sentir o gosto de cada escolha
todas as penas dos nossos pais e avós
saber ouvir
saber fazer alguém cantar
querer amar é querer
amar é dançar numa temperatura
querer amar é querer
amar é pirar numa idéia
querer amar é querer
amar é viver uma memória
saber ouvir
saber fazer alguém cantar
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2. |
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O PRINCÍPIO DA INCERTEZA
(Kristoff Silva e Makely Ka)
nossa única certeza é a morte
um princípio e razão fundamental
sua fria beleza é uma arte
nosso elo final com a perfeição
sutileza cirúrgica de um corte
a navalha de ockan na razão
todo o resto é incerto e duvidoso
um deserto sem sol na escuridão
uma voz de dentro de um fosso
numa língua que não tem tradução
quando tudo jazer inerte
como a lâmina dura do metal
quando o sangue
estancar sua corrente
e então soçobrar respiração
viver cada segundo eternamente
sem sofrer por antecipação
não vai haver qualquer despesa
nem sequer um funeral
um átimo de delicadeza
o peso a entrar em suspensão
21 gramas de leveza
nossos pés já não mais
ao rés do chão
e se a vida for como uma brisa
um sopro reverso e terminal
o pescoço não sustentar cabeça
o esforço não encontrar ação
esse é o princípio da incerteza
essa é a nossa condição
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3. |
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Num Papel Guardanapo
(Gustavito e Geison Almeida)
Eu comecei a cantar minha canção do meio
Comendo pão sem recheio
Ela era onça e cutucou com a vara curta o meu lado
E eu me debatia todo, será que isso é pecado
Eu me contorço, eu sou bem moço, eu tenho muito pra ver eu não me posso morrer
O dia-a-dia do diabo
A correria do quiabo
Minha mulher me pôs um rabo
No meu natal desempregado
Mas te dizia meu medo era de ter dinheiro
Gastava tudo num cheiro
Vou te contar que tudo foi desenrolado errado
E eu me confundia todo, será que eu fui mal-criado
Tinha mulher e geladeira perdi tudo em janeiro
E me mudei pro buraco
Deitei miséria festeira
Eu fui catar poeira
Virei cavalo dado
Dourado, tristeza, ah nem!
Bebi do sangue até dizer amem!
E num papel guardanapo onde foi anotado
um telefone e um recado
Batom salgado deixa a marca de um beijo vermelho
Será que foi mal olhado, a minha vida não vinga
Eu tomo pinga, eu me tropeço, eu me confundo no espelho
Eu não me posso morrer
A fantasia do diabo
Meu quibe frito mal passado
Eu de mulher me fiz dobrado
Em fevereiro eu sou passado
Como dizia meu pai pra não faltar angú
tem que ralar no fubá
Vou te contar que eu trabalhava
De domingo a domingo e me faltava um sorriso
Noite de lua é tão lindo, faz de conta que meu bolso não é mais tão liso e o nosso céu é azul
Deitei miséria festeira
Eu fui catar poeira
Virei cavalo dado
Dourado, tristeza, ah nem!
Bebi do sangue até dizer amem!
E pra moral dessa história desmoralizada
É uma mentira danada
Não tenho pai, não trabalhei, eu nunca tive mulher muito menos geladeira
No papel guardanapo não tem beijo nem recado se nem mesmo eu existo eu já não posso morrer
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4. |
Fotografia | Flavio Tris
03:14
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8. |
Anterior | Pablo Castro
04:46
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9. |
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10. |
Daqui | Thiago Sá
01:26
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11. |
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12. |
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Mostra Cantautores Belo Horizonte, Brazil
A Mostra Cantautores é um encontro intimista de criadores da canção contemporânea e tem por conceito-base a realização de apresentações solo, em que cantores-compositores tocam suas canções em formato bruto, acompanhados apenas por seu instrumento.
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